quinta-feira, 1 de março de 2007

QUE HOMEM É ESSE?

O masculino em questão.
Por Adriana Leocádio


Tempos modernos; As coisas já não são como antes.
Que nos perdoem os profetas do apocalipse, saudosistas de um tempo que não volta mais, mas o homem moderno cruzou o rio e derrubou a ponte atrás de si. Mesmo reeditado na figura do retrossexual, o velho “machão” descuidado e nem aí com a sua aparência, perde terreno a cada dia que passa para um homem livre de rótulos, muito mais consciente e tranqüilo com a aceitação de sua própria vaidade e, de quebra, muito mais feliz com sua própria masculinidade.
Como consultora de marketing e especialista em comportamento do consumidor, afirmo que o que tem acarretado essa mudança no comportamento masculino é justamente uma questão cultural. “Atribuo isso, à mudança do pensamento do homem”. Mesmo que ainda timidamente, não podemos deixar de observar a incidência de homens em clinicas de beleza, o que é muito comum nos dias de hoje.
Homem de maquiagem, vestido com roupas de grifes estilosas não é coisa do passado. Pelo contrário, é algo que emerge nas salas de cinema, nas galerias de arte, assim como nas festas populares, shows e campo de futebol.

Pode ser visto a noite, num jogo de futebol e na abertura de uma galeria de arte na noite seguinte. É o novo “ideal” masculino. Gosta de fazer compras, posa nu para revistas. O homem metrossexual é um heterossexual que conhece e se importa com a moda, gastronomia e elegância. O uso ostensivo de um galanteio divisor entre o homem sensível e quase que (homo) erótico (gay, hetero ou bi), dissolve a possibilidade de cristalizar um corpo sócio-cultural hibridizado entre imagem, identidade, gênero e/ou sexo.

HOMENS: MACHISTAS, MACHÕES OU NARCISOS

Homossexual, bissexual ou hétero, não importa! O metrossexual, coloca-se como objeto do próprio desejo, pois, conforme já anunciado, é extremamente narcisista.

Prefiro considerar que não há nada de moderno e sim contemporâneo neste ajustamento das diversidades identitária, cultural, sexual e de gênero, entre homens heterossexuais e homo-eróticos. A distância entre hétero e homo ainda existe, porém agencia-se, negocia-se essas subjetividades,(des)construídas pela versatilidade, que se implementa no contemporâneo.

Como um abalo dos costumes sociais, atualizar esse homem contemporâneo, requer problematizar o gênero, a sexualidade, a identidade, o desejo, o consumo, enfim, a cultura. Assim, o fenômeno discursivo da metrossexualidade inscreve o cosmopolitano e o tecnológico como consonâncias de uma maturidade sócio-cultural, cujas práticas sociais, apontam o tratamento epistêmico de uma sofisticação plausível.

O metrossexual, na prática, aponta aqueles que tem menos preocupação sobre sua identidade e muito mais interesse em sua imagem. Estando muito longe do conceito radical e ultrapassado de macho latino, ele partilha funções e atitudes que antigamente eram consideradas femininas.

Urge um misto masculino de vontades de fazer tratamentos de beleza, usar cosméticos e emocionar-se ao assistir filmes românticos.

Lembro-me perfeitamente quando em 1999, a escritora norte-americana Faith Popcorn, considerada uma espécie de Nostradamus de saias do marketing, grafou pela primeira vez em sua obra “Click – 16 tendências que irão transformar sua vida, seu trabalho e seus negócios no futuro” - o termo “homencipação”, antevendo a chegada de uma nova mentalidade masculina, a dos homens que não se limitariam em ser estritamente de negócios e passariam a abraçar a liberdade de poder exercer sua individualidade, sendo menos machistas e mais sensíveis. Muita gente não acreditou.

Porém, sempre voltamos a boa e velha realidade de que não há no mundo um consumidor igual a outro, e que estes são motivado por diferentes razões e padrões de comportamento. Cada indivíduo, busca comprar para satisfazer necessidades e desejos íntimos.
Cada bebê que nasce já é um consumidor latente. Desde os primeiros meses, os bebês observam seus pais e começam aí o aprendizado de toda a vida.
Criança, adolescente ou idoso, todos se diferenciam em um aspecto fundamental: O gênero.


Homens e mulheres compram de formas distintas. Alguns especialistas apontam que essas diferenças estão ficando cada vez mais sutis. Mas quanta diferença ainda há! A compra do homem, “ainda” é menos impulsiva que a da mulher. Contudo, quando o gênero em questão é a moda, aí a diferença só se dá na forma e no local.

O homem não sofre impulso olhando uma vitrine, mas sim no interior de uma loja e se ele for bem “assessorado”. O impulso da mulher se da na própria vitrine.
Portanto, dentro desse contexto que estamos falando, fica cada vez mais latente a importância da mudança do conceito do homem de vendas, ou seja, o “vendedor”.
O homem, ao comprar, quer uma boa solução. Em um caminho linear, define o que precisa, vai a uma loja onde provavelmente encontrará seu produto. Se achar, compra. Com a invenção do termo metrossexual, que exime qualquer conotação homossexual, os homens sentem-se livres para comprar tudo aquilo que sempre sonharam secretamente em seus devaneios mais afeminados.
Com uma peculiaridade fundamentalmente diferente aos gays, o metrossexual tende a deliberar seu lado heterossexual. E mais uma vez afirmo: A distância que já foi grande entre homens hétero e homossexuais, diminuiu consideravelmente nos últimos anos.


Em lugar do metrossexual, o homem do futuro será "übersexual"

Os autores que inventaram o termo metrossexual defendem que o homem que se depila será substituído como modelo masculino pelo "übersexual", mais próximo ao homem tradicional. Apenas dois anos depois de popularizar o termo metrossexual - criado em 1994 pelo escritor inglês Mark Simpson, compatriota do jogador David Beckman, maior representante do estilo -, os autores propõem agora um novo conceito, o do "übersexual", para definir a nova tendência de masculinidade.
Quando eu era apenas uma menina, tínhamos duas opções em vida: ou éramos heteros ou homossexuais. Ponto. E de certa forma isso servia só para determinar se gostávamos disso ou daquilo. Os anos foram passando e o ser humano, cada vez mais complexo, começou a criar novas modalidades de conduta sexo-comportamental. De repente já podíamos optar pela bissexualidade, assim como pela transexualidade ou pela pansexualidade.
Mas quem diabos é esse tal de übersexual? Pelo que pude entender depois de horas fazendo pesquisas pela vasta geografia da internet, o “über” é aquele cidadão sensível, mas que não dá margem para que duvidem de sua masculinidade; bruto, mas que entende todas as atitudes das mulheres e as trata com carinho. Em suma, o senhor perfeição.
Eles tem estilo, se preocupam com a aparência, mas sem exagero. Gastam mais tempo cuidando da cabeça que do cabelo. Pode não saber a diferença entre um hidratante e um esfoliante, porque está mais preocupado com o que é certo ou errado. Ele é sensível, mas não dá margem para que duvidem de sua masculinidade. Ele é o übersexual.
Segundo matéria publicada pelo Jornal da Globo, “Über” vem do alemão, e significa “super”, o que está além. O übersexual é másculo, mas é sensível e admira as mulheres fortes. Arnold Shcwazenegger se encaixa na definição, porque foi capaz de mostrar algo além de músculos, fez fortuna no cinema, se casou com uma Kennedy e virou governador da Califórnia.
Bill Clinton é outro que está na lista, o carismático ex-presidente americano, superou adversidades ao lado da mulher Hillary. É admirado por isso e também pelo charme e inteligência.
Mas o representante máximo do übersexual é o Bono Vox, vocalista do U2, uma das bandas mais populares do planeta. Bono é apaixonado pelas causas que defende, luta contra a pobreza e está casado com a mesma mulher há mais de 20 anos.
Assim, concluo que o "übersexual" é aquele que confia em si mesmo sem se tornar detestável. Ter um aspecto masculino, possuir estilo e estar determinado a alcançar os mais altos níveis de qualidade em todas as áreas de sua vida.Este homem do futuro, "é apaixonado por seus interesses e relações", tem seus sentidos bem abertos a todos os estímulos que recebe."É apaixonado por fazer e ser o que lhe parece natural, e o que o faz sentir bem, em lugar daquilo que outros pensam que deveria fazer ou ser", e concordo com meus companheiros ao afirmar que o novo homem reconhece que "precisa da mulher".
Enquanto os gays foram buscar uma nova vida nas academias e um ideal mais masculino, os héteros começaram a perceber que haviam se colocado de escanteio, vestidos num confortável uniforme de gabardine, entediando-se com seus próprios botões. Aos poucos, foi-se percebendo, por ambos os lados, que há um certo poder e mistério na ambigüidade e que confiança, segurança e senso de estilo são fatores que definem o homem moderno.
Em suma, o novo perfil do homem moderno não representa uma mudança drástica em relação ao metrossexual, pois ele também se preocupa com imagem pessoal,e vai às compras, mas sem ar narcisista e egocêntrico.
Adriana Leocádio é Consultora de Marketing e Especialista em comportamento do consumidor. Presta consultorias a empresas de diversas áreas e está disposta a dar entrevistas, participar de debates, mesa redonda, entre outros.

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