sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

VALE O QUE CUSTA NO VAREJO MASCULINO

Nesse fim de 2008 contratamos a consultoria de Adriana Leocádio para avaliar quatro grifes masculinas: Sergio K, Aramis, Crawlford, Siberian, todas sitiadas na capital de São Paulo. O trabalho durou dois meses e os resultados no que tange a designer de loja, atendimento ao cliente (incluindo troca de mercadorias, alfaiataria), coleção e o pós venda. Não estão sendo avaliadas qualidades das roupas.
Avaliação geral da consultora: Que nos perdoem os profetas do apocalipse, saudosistas de um tempo que não volta mais, mas o homem moderno cruzou o rio e derrubou a ponte atrás de si. Mesmo reeditado na figura do retrossexual, o velho “machão” descuidado e nem aí com a sua aparência, perde terreno a cada dia que passa para um homem livre de rótulos, muito mais consciente e tranqüilo com a aceitação de sua própria vaidade e, de quebra, muito mais feliz com sua própria masculinidade.
Como consultora de marketing e especialista em comportamento do consumidor, Adriana afirma que o que tem acarretado essa mudança no comportamento masculino é justamente uma questão cultural. “Atribuo isso, à mudança do pensamento do homem”. Mesmo que ainda timidamente, não podemos deixar de observar a incidência de homens em clinicas de beleza, o que é muito comum nos dias de hoje.
Homem de maquiagem, vestido com roupas de grifes estilosas não é coisa do passado. Pelo contrário, é algo que emerge nas salas de cinema, nas galerias de arte, assim como nas festas populares, shows e campo de futebol.

Pode ser visto a noite, num jogo de futebol e na abertura de uma galeria de arte na noite seguinte. É o novo “ideal” masculino. Gosta de fazer compras, posa nu para revistas. O homem metrossexual é um heterossexual que conhece e se importa com a moda, gastronomia e elegância. O uso ostensivo de um galanteio divisor entre o homem sensível e quase que (homo) erótico (gay, hetero ou bi), dissolve a possibilidade de cristalizar um corpo sócio-cultural hibridizado entre imagem, identidade, gênero e/ou sexo.

HOMENS: MACHISTAS, MACHÕES OU NARCISOS.

Homossexual, bissexual ou hétero, não importa! O metrossexual, coloca-se como objeto do próprio desejo, pois, conforme já anunciado, é extremamente narcisista.

Adriana prefere considerar que não há nada de moderno e sim contemporâneo neste ajustamento das diversidades identitária, cultural, sexual e de gênero, entre homens heterossexuais e homo-eróticos. A distância entre hétero e homo ainda existe, porém agencia-se, negocia-se essas subjetividades,(des)construídas pela versatilidade, que se implementa no contemporâneo.

Como um abalo dos costumes sociais, atualizar esse homem contemporâneo requer problematizar o gênero, a sexualidade, a identidade, o desejo, o consumo, enfim, a cultura. Assim, o fenômeno discursivo da metrossexualidade inscreve o cosmopolitano e o tecnológico como consonâncias de uma maturidade sócio-cultural, cujas práticas sociais, apontam o tratamento epistêmico de uma sofisticação plausível.

O metrossexual, na prática, aponta aqueles que tem menos preocupação sobre sua identidade e muito mais interesse em sua imagem. Estando muito longe do conceito radical e ultrapassado de macho latino, ele partilha funções e atitudes que antigamente eram consideradas femininas.

Urge um misto masculino de vontades de fazer tratamentos de beleza, usar cosméticos e emocionar-se ao assistir filmes românticos.

O consumidor masculino e em especial os pertencentes as classes sociais mais abastardas são diretos e costumam efetuar compras de roupa sazonais. Namoradas e esposas são os maiores motivadores, contudo na era do ubersexual a personalidade é masculina se torna única.

Avaliação das Grifes:

Com absoluta certeza o destaque de 2008 foi a grife Sérgio K em todos os quesitos. Segundo Adriana, a Sérgio K é vanguardista e trouxe a moda das camisetas pólos com força total e saindo do tradicional Lacoste. Sérgio K tem ousadia, designer de loja pioneiro, além de atendimento despejado, deixando o cliente totalmente confortável dentro de suas lojas. Cabe ressaltar a Loja do Shopping Market Place em todos os aspectos e principalmente atendimento.

Na ótica da consultora Adriana, a próxima loja que também merece uma atenção especial é a Aramis. Apesar da pouca uniformidade das vitrines e ambiente interno das Lojas o consumidor pode encontrar do despojado casual day (linha night) ao black tié, além de possuir um atendimento muito cativante. O destaque vai para loja do Shopping Paulista sob o comando do gerente Inaldo e sua equipe. No que tange inclusive ao pós-atendimento Aramis é implacável. Serviço de alfaiataria de primeira linha. Contudo, cabe ressaltar que para efetuar troca de produtos foi solicitada a consultora Adriana que apresente as notas fiscais referente a compra das mercadorias, que fere totalmente o Código de Defesa do Consumidor.

Crawlford se destaca pelo ambiente ousado, contudo tem uma grade de produtos que fica muito difícil para o consumidor identificar o que deseja, criando uma co-dependencia do vender, atitude essa não valorizada pelos consumidores que se sentem mais intimidades a comprar. A coleção tem peças bem diferenciadas, variedade de numeração, um pós venda altamente qualificado e que motiva o cliente a comprar mais uma peça. Possui uma variedade de preço muito atraente. O destaque vai para as lojas do shopping Ibirapuera e Oscar Freire.

A grife Siberian apresenta uma linha inovadora e muito atrativa, mais tem uma grade de numeração muito difícil o que torna pouco atraente para o cliente. O consumidor masculino é muito objetivo e ficar horas no provador escolhendo a roupa que caiba melhor não é algo palatável.

Em suma, lembro-me perfeitamente quando em 1999, a escritora norte-americana Faith Popcorn, considerada uma espécie de Nostradamus de saias do marketing, grafou pela primeira vez em sua obra “Click – 16 tendências que irão transformar sua vida, seu trabalho e seus negócios no futuro” - o termo “homencipação”, antevendo a chegada de uma nova mentalidade masculina, a dos homens que não se limitariam em ser estritamente de negócios e passariam a abraçar a liberdade de poder exercer sua individualidade, sendo menos machistas e mais sensíveis. Muita gente não acreditou.

Porém, sempre voltamos a boa e velha realidade de que não há no mundo um consumidor igual a outro, e que estes são motivado por diferentes razões e padrões de comportamento. Cada indivíduo busca comprar para satisfazer necessidades e desejos íntimos.
Cada bebê que nasce já é um consumidor latente. Desde os primeiros meses, os bebês observam seus pais e começam aí o aprendizado de toda a vida.
Enquanto os gays foram buscar uma nova vida nas academias e um ideal mais masculino, os héteros começaram a perceber que haviam se colocado de escanteio, vestidos num confortável uniforme de gabardine, entediando-se com seus próprios botões. Aos poucos, foi-se percebendo, por ambos os lados, que há um certo poder e mistério na ambigüidade e que confiança, segurança e senso de estilo são fatores que definem o homem moderno.
Em suma, o novo perfil do homem moderno não representa uma mudança drástica em relação ao metrossexual, pois ele também se preocupa com imagem pessoal, e vai às compras, mas sem ar narcisista e egocêntrico.

Contato com a Consultora Adriana Leocádio: www.adrianaleocadio.blogspot.com – e-mail: adrianaleocadio@terra.com.br e/ou no fone: (11) 7886.3830.