sábado, 10 de março de 2007

"UM DURANGO NA DASLU"

(Por Denis Cavalcante)
Sempre tive vontade de conhecer essa tal de Daslu. Já que estava em São Paulo, por que não ir? Ainda mais depois que me disseram que lá não existe nenhuma peça que custe menos de três dígitos, resolvi dar uma de São Tomé e ver para crer. A entrada já foi um problema. O segurança perguntou pelo meu carro – ou motorista. Quem já foi sabe muito bem: na Daslu - acreditem - não se entra a pé, somente motorizado. Fingi que não era comigo e entrei.Fui recepcionado por uma loira escultural com sorriso de anúncio dedentifrício, uma sósia escrita e escarrada da Ana Hickman - com direito a 1m30 de pernas, chapinha no cabelo, olho azul e muito mais."Where are you from?"."Belém do Pará"."I beg your pardon!"Tava na cara que eu não era paulistano. Mas daí a me confundir com gringo, já é demais. Eu lá tenho cara de estrangeiro! Como um cão sabujo, onde eu ia ela ia atrás. Dos milhares de itens que admirei boquiaberto, um em particular me encantou. Uma bolsa tiracolo Prada pra lá de maneira que imaginei que coubesse no meu orçamento. Ressabiado, indaguei o preço."Nove, apenas nove. E o senhor pode dividir de três vezes no cartão"."Nove o quê?""Nove mil...""Éeeegua!"A pequena ficou tão assustada com minha reação que cheguei a pensar que fosse chamar os seguranças. Mas não. Acho que ela sacou que daquele mato não sairia cachorro, no máximo um carrapato. Fechou a cara, deu meia-volta e sumiu. Já que estava na chuva, resolvi me molhar. Entrei num salão onde só tinha Armani. Como já estava enturmado, perguntei o preço de um "vestidinho" de festa. Adivinhem? 100.000 pilas. Tu és doido! Uma estola de zibelina?60'000. Fico imaginando quantos bichinhos foram sacrificados para esquentar o lombo de uma madame. Um blaser Ermenegildo Zegna (isso lá énome de grife?),13.000. Um óculos Gucci, 4.500. Uma cuequinha básica do Valentino, 260.Com direito a ouvir essa pérola do vendedor: "Leve logo meia dúzia, tá na promoção!". Imaginem quanto ela custava antes.Na adega climatizada não foi diferente. Um Romaneé-Conti, safra 2000- 'aquele do Lula - estava por módicos 8.000 reais. Uma garrafa de Johnnie Walker Blue, envelhecida 80 anos - uma das raras existentes no planeta, 55.000.Fiz as contas e verifiquei que no final saí no lucro. "Charlei", vi gente
famosa, coisas bonitas, tomei mineral Badoit, capuccino, Prosecco, champanhe Taittinger, fartei-me de canapés, fois gras, blinis com caviar (não era Beluga). Sou duro, mas sei o que é bom. Até confit de canard tracei.De quebra, profiteroles e apetitosos bombons trufados. As horas passaram voando.Minha acompanhante finalmente apareceu e perguntou:"Vamos almoçar?""Almoço? Estou almoçado e jantado!"Depois de conhecer quase tudo descobri que a Daslu é uma espécie de zoológico sem grades. Só que os bichos somos nós. Eu e você.Acabado, me esparramei num confortável sofá. Enquanto esperava o resto da turma chegar, abri um livro e relaxei. Mal virei a segunda página, dois novos ricos falando alto, com mais sacolas do que mãos, sentaram ao meu lado esnobando:"Amanhã vamos para o nosso haras em Catanduva. O réveillon será no Guarujá".Me deu uma raiva...Peguei meu celular e resolvi mentir um pouco:"Fulano, não encontrei nenhum 'Summer' para o réveillon. Abastece o jatinho. Partimos amanhã cedo para Paris. Essa Daslu tá um lixo!"A cara que os dois fizeram, não tem preço.

ESPETÁCULO EM ÔNIBUS NA RUA AUGUSTA

Dionísio Neto e Companhia Satélite estréiam espetáculo em ônibus na Rua Augusta...

Por Marcela Melo

Do luxo ao lixo e do lixo à homenagem deste maravilhoso projeto, “Os dois Lados da Rua Augusta”, com textos de Dionísio Neto e direção de Ivan Feijó, uma peça dentro de um ônibus, gentilmente fornecido pela Empresa de Transportes Andorinha, estréia dia 14 de abril e contará a história de super-heróis que perderam seus poderes extra-científicos e agora são incumbidos de encontrar o medalhão enterrado na Rua Augusta, que impedirá que ela caia no esquecimento...

Mas voltando...Será que a Rua Augusta caiu mesmo no esquecimento? ...

Dizem que foi em meados da década de 50 que a Rua Augusta começou a se estabelecer como point da garotada que ia paquerar, lanchar, fazer compras.Tudo isso, antes do “boom” dos Shopping Centers. Aos domingos, as matinês e ainda na década de 80, as maiores academias de aeróbica estavam localizadas lá mesmo na Rua Augusta. Pena lembrar que, algum tempo depois, a referência da Rua Augusta não é mais das melhores.

Porém, na minha ótica, diz Adriana Leocádio, especialista em Comportamento do consumidor, dentro dos padrões pré-estabelecidos e assumidos pela nossa atual sociedade, a Rua Augusta vive hoje seu auge novamente, impulsionando os lojistas da região a investirem no crescimento e na valorização do seu próprio espaço, sem perder o ônus adquirido com a evolução do tempo.

E é analisando todos esses fatores, que vários estudiosos, amantes, moradores ou não da cidade de São Paulo, chegaram à conclusão de que, ao invés de tentar banir a prostituição e descrédito que tem sido dado à Rua Augusta, o melhor era investir na revitalização da sua história e das Alamedas que a cercam.

Dionísio Neto e a Companhia Satélite, comemorando os 10 anos da mesma, desde sua estréia com a Trilogia do Rebento (Perpétua, Opus Profundum e Desembestai!), que projetou Dionísio Neto no cenário teatral brasileiro, foram um dos contemplados pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, devido ao empenho e conseqüente vitória de um projeto multimídia de pesquisa sobre a Rua Augusta.
Durante este período, Dionísio Neto e os integrantes da Companhia Satélite passaram muito tempo nas travessas da Rua Augusta, entrevistando, pesquisando e ficando cada vez mais apaixonados por esta história, que vocês conhecerão de perto a partir do dia 14 de abril! Aguardem!
www.companhiasatelite.com
www.osdoisladosdaruaaugusta.blogspot.com
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Marcela Melo
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