terça-feira, 3 de novembro de 2009

VILÕES E MOÇINHOS – ATÉ QUANDO?

Com vida humana não se brinca. Esse ditado extraído da sabedoria popular precisa inspirar e motivar todas as instituições (públicas e privadas) e o povo brasileiro por um posicionamento coletivo, suprapartidário e movido exclusivamente pela responsabilidade, para o Brasil virar a dolorosa página do caos que se abateu sobre a Saúde Pública e cuja face mais visível é o pouco investimento na acessibilidade a saúde.

“A gente sabe como começa a vida, mas não sabe como começa a vida humana”, afirma o filósofo José Anchieta Corrêa, professor de ética médica na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
A integração das políticas de controle do câncer na América Latina, novas técnicas para o tratamento da doença e a reivindicação ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para que incluam na lista de procedimentos exames modernos que podem diagnosticar tumores malignos ,assuntos que foram tratados no 8º Congresso Brasileiro de Cancerologia (Concan 2009).O encontro - que reuniu em Curitiba, de 28 até 31 de outubro, cerca de 4 mil profissionais de saúde do Brasil e de diversos países – onde mais uma vez, representando o paciente como presidente da Ong Portal Saúde, eu tive a oportunidade de estar lá e passei por um sentimento extremamente dicotômico: por um lado a emoção com a evolução da medicina, tratamentos, fármacos, exames de alta tecnologia, cirurgia robótica, guiada com precisão por computador, por outro lado um profundo pesar em constatar que tudo isso ainda é para uma pequena camada da nossa sociedade.
Com 450 mil novos casos por ano, o câncer é segunda maior causa de morte no país, atrás apenas de doenças cardiovasculares.
Para o diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antonio Santini, que também é membro da União Internacional contra o Câncer, a doença atualmente é um problema de saúde pública e impõe grandes desafios de planejamento, vigilância, pesquisa e organização dos sistemas de prevenção e tratamento. Segundo ele, como órgão responsável pela normatização da política de controle da doença no Brasil, o Inca mostrou suas experiências na formação de redes de colaboração mantidas internamente e com países vizinhos.
Na minha avaliação, embora as novas tecnologias, a prevenção e o diagnóstico precoce tenham sido significativos para alterar o quadro da doença, o desafio imposto agora está na difícil equação entre o tratamento com novas drogas e o custo elevado dos medicamentos. "Não são apenas os melhores exames com os quais devemos contar, mas também é preciso dos melhores médicos para avaliar esses exames para termos bons resultados".
"É um debate de grande importância que devemos enfrentar."
Precisamos acabar de vez com os títulos atribuídos a todos os pólos dessa equação. Médicos, Tecnologia, Laboratórios, Advogados, Ongs, Estado, Políticos, Impostos entre outros. Ninguém é vilão muito menos mocinho. É evidente que todos lutam em função dos seus interesses, contudo, esses interesses nem sempre como se divulga é leviano.
Para mim, enquanto Presidente de uma Ong proponho que todos se reúnam em torno de um único interesse, o da população brasileira.
"A preocupação com a própria saúde é um fenômeno que nasceu com o homem". Tal inquietação torna-se mais evidente na medida em que as biotecnociências evoluem, e a divulgação de suas aplicações pautam a possibilidade de cada um gerir seu "capital saúde" (Ruffié, 1993), tornando os homens responsáveis pelos limites do que é possível fazer diante da enfermidade e da morte.

“Sentindo na pele”
Acompanhei nesses últimos dias que o vice-presidente José Alencar, de 78 anos, foi homenageado pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), que lhe concedeu o título de sócio emérito e a medalha 200 anos de história da ACRJ - Grau Ouro, a mais alta condecoração da casa. Durante a homenagem, Alencar falou sobre a luta contra o câncer na região do abdômen.
- Nós temos que perder o medo de pronunciar a palavra câncer. Vamos falar do câncer, discutir o câncer para vencer o câncer - disse o vice-presidente, que luta há 12 anos contra a doença . O vice-presidente disse que os últimos exames que realizou mostraram que houve uma "redução substancial" nos tumores .
Que Deus o mantenha sempre assim, mostrando que é com coragem e fé que podemos vencer a batalha pela vida. Mais que também abra seus olhos para realidade de que isso tudo que está colhendo é fruto de ter tido a possibilidade de contar com um tratamento de alta complexibilidade, o que não é o caso de 99% da população brasileira.
Vale ressaltar também o posicionamento que vem adotando a Ministra Dilma Rousseff após vencer uma batalha contra o câncer.
Esses pronunciamentos e depoimentos de nossos políticos é que me faz ter esperança, começar a enxergar uma luz no fim do túnel. Infelizmente a males que vem para o bem e é nisso que quero acreditar. Quero acreditar que temos dois missionários que vão propagar e investir na saúde do povo brasileiro. Quero acreditar que essas duas pessoas que ilustram o quadro político brasileiro tenham a real dimensão pelo que passa seus semelhantes acometidos pelos mesmos tipos de câncer que os dois e estão sendo tratados pela rede publica ou mesmo suplementar de baixa qualidade. Espero que não tenhamos mais que esperar por alguém com poder politico ser acometido de uma doença como o câncer para começarmos a ter esperança.
“A saúde é um direito e dever do Estado”. A saúde e a doença consubstanciam-se enquanto "objetos" privilegiados ao esclarecimento de modos de conhecer e pensar a si próprio, aos outros e ao universo que se habita. Se há algo acerca do qual cada um tem suas experiências e costumes é o adoecimento, porque, mesmo quando se estabelece de forma aguda e passageira, coloca para todos a inevitabilidade da morte.
É preciso respeitar a vida do início ao fim. “A vida é um processo que se inicia na fecundação. “A humanização vai acontecendo desde a fecundação até a morte.

“O que a gente luta é pela vida”
A polêmica novamente ganha vida. Grupos se acusam de discussões apaixonadas. É apaixonante mesmo, o tema mexe com a vida, a natureza, mexe com ciência e com a morte.
Difícil não opinar apaixonadamente, seja de que lado estiver, já que o assunto pouco permite o meio-termo. O que não podemos é continuar nessa guerra fria onde de um lado temos a ciência e do outro o Estado.
No Brasil tem um “Tempo...rão” que o povo espera por soluções. Acredito sim no esforço que o Estado vem promovendo para alcançar um padrão de tratamento de melhor qualidade. Contudo, criar procedimentos administrativos complexos, tentar doutrinar nossos magistrados com informação pouco verossímil, é algo que não eleva nosso patamar na obtenção de um tratamento justo. Por corresponder a um assunto que desperta bastante atenção de toda a sociedade e ter relevante interesse no mundo jurídico pela sua abrangência, a análise da Improbidade Administrativa manifesta-se pertinente uma vez que a má gestão da coisa pública traz inúmeros malefícios que obstam o desenvolvimento de toda uma nação.
Já está na hora de qualificarmos a população no que tange aos direitos previstos em nossa Constituição Federal. Qualificar usando uma linguagem simples e popular.

“A saúde é uma questão urgente e mundial. Talvez todo meu investimento nesses últimos anos a frente da Ong Portal Saúde tenha sido o maior aprendizado a respeito do ser humano. Sempre quis usar meus conhecimentos para transformar. Quando terminei de montar a primeira etapa da Ong..., percebi a importância de falar sobre o assunto e soube de uma informação básica: todos nós temos direito a qualquer tipo de tratamento ou medicamento de graça, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Fiquei impressionada com a minha ignorância e vi que muitos dos meus amigos não sabiam e não sabem disso”.

Nessas situações de dor e dificuldade, aprendi que a relação com o “objeto de interesse” é fundamental para desenvolver esse tipo de trabalho. Nenhuma instituição pode mais permanecer de braços cruzados ou levantados superficialmente. É inconcebível sob todos os aspectos que milhares de usuários do SUS que necessitam de atendimento de urgência e emergência fiquem à mercê da própria sorte diante da incapacidade do Poder Público e Privado em lhes assegurar a garantia constitucional de que “Saúde é direito do cidadão e dever do Estado”. Nenhum ente tripartite da Saúde Pública pode mais se omitir ou tentar transferir responsabilidade para outrem. Somente com transparência contábil – sem necessidade de discursos – será possível saber o que se passa com a gestão plena da Saúde. Enquanto o caso for tratado como desafio ou queda de braço, não será possível chegar ao cerne da questão.
O tema central é: “Compromisso com a ciência, tecnologia e inovação com o direito à saúde”
“Violar a vida é o caminho da morte”
FREI ANTÔNIO MOSER
ADRIANA DA CUNHA LEOCÁDIO – publicitária, presidente da Ong Portal Saúde.

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