Logo que comecei meus estudos sobre o comportamento humano, aprendi que ser assexuado trata-se de pessoas que não têm desejo sexual lutam para se ajustar a um mundo guiado pelo sexo.
Mas será que a indiferença em relação ao sexo poderia também se estender aos seres humanos em 2011?
Um número cada vez maior de pessoas diz que sim e apresenta provas. Elas se descrevem como assexuadas, e dizem ser normais, e não o resultado de uma orientação sexual confusa, de um medo da intimidade ou de um lapso temporário do desejo. Elas gostariam que o mundo compreendesse que são capazes de viver felizes sem o sexo.
Por outro ângulo, o que tenho escutado cada vez mais nas minhas pesquisas comportamentais em diferentes ciclos de pessoas e lugares é que ser “assexuado” nos dias de hoje é a forma mais fácil de lidar com as diferenças sexuais e os desejos incutidos neles. Ou seja, as pessoas estão se permitindo ser heterossexuais, homossexuais, bissexuais ou mesmo assexuado, só que tudo isso pode ser sentido em um único dia.
Que me atire à primeira pedra os homofônicos de plantão a pessoa que nunca teve uma fantasia, um desejo, um simples pensamento em alguém do sexo oposto ou pelo menos uma sexo a três. E depois vem querer me convencer de que são “assexuados”.
A sexualidade está em toda parte, das mensagens mais ou menos sutis da
publicidade até as cenas explícitas na televisão. É nesse contexto, no qual o sexo passou de tabu a uma condição fundamental para a felicidade, que um número cada vez maior de pessoas se autoproclamam assexuadas.
A sociedade “vende” o sexo às pessoas. “Se você não gosta de sexo então você tem problemas mentais. Ser diferente na nossa sociedade é ser doente”, chamo a isto de “opressão sexual”.
Todos somos capazes de entender que alguém não goste de música country ou de cebola, ou que não se interesse por aprender a assoviar, mas não podem aceitar que alguém não queira praticar sexo. O que elas não entendem é que muitos assexuados não desejam ser 'curados’.
Na minha opinião o termo ‘assexuado dos novos tempos’ acaba sendo utilizado para justificar a necessidade que as pessoas têm de extravasar seus desejos mais íntimos que não contam nem pra si mesmo.
O sexo é um impulso natural, tão natural quanto o impulso para comer e beber a fim de garantir a sobrevivência.
Para terminar esse artigo, deixo as palavras a seguir de Martha Medeiros.
“O que são mentiras consensuais? São aquelas que todo mundo topou passar adiante como se fosse verdade. Aquelas que ouvimos de nossos pais, eles de nossos avós, e que automaticamente passamos para nossos filhos, colaborando assim para o bom andamento do mundo, para uma sanidade comum. O amor, o sentimento mais nobre e vulcânico que há, tornou-se a maior vítima deste consenso. O amor, como todo sentimento, é livre. É arredio a frases feitas, debocha das regras que tentam lhe impor. Esta meia dúzia de coordenadas instituídas como verdades fazem com que muitas pessoas achem que estejam amando errado, quando estão simplesmente amando. Amando pessoas mais jovens ou mais velhas ou do mesmo sexo ou amando pouco ou amando com exagero, amando um homem casado ou uma mulher bandida ou platonicamente, amando e ganhando, todos eles, a alcunha de insanos, como se pudéssemos controlar o sentimento. O amor é dono dele mesmo, somos apenas seu hospedeiro. Todos nós, que estamos quites com as verdades concordadas, guardamos, lá no fundo, algo que nos perturba, que nos convida para o exílio, que revela nossa porção despatriada. É a parte de nós que aceita a existência das mentiras consensuais, entende que é melhor viver de acordo com o estabelecido, mas que, no íntimo, não consegue dizer amém.”
sábado, 5 de fevereiro de 2011
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