sexta-feira, 20 de abril de 2007

USUÁRIOS DE ÓCULOS E SEUS SIGNOS

Por Adriana da Cunha Leocádio


OS ÓCULOS DA VOVÓ- Como acabar meu tricô,como assistir à novela,se esses óculos benditosme somem sem mais aquela?Vovó, procurando os óculos,vai do quarto para a salae de novo volta ao quarto,sem ninguém para ajudá-la.E até parece que os netosestão a se divertir,pois mesmo seu prediletofaz força para não rir.Deve saber onde estão,porque lhe diz o malvado:- Já está ficando quenteseu chicotinho queimado!E o diz quando está no quartoou à sala torna a voltar.- Mas como pode uma coisaem dois lugares estar?Em sinal de desesperoleva então as mãos à testa:ali estão os seus óculose tudo vira uma festa.

Dom Marcos Barbosa


O simpático poema acima, não deixa de retratar a atual realidade dos usuários de óculos, contudo não podemos deixar de analisar algumas nuances.

Hoje, graças a evolução dos tempos, não é só a vovó que precisa usar óculos. Deixamos de ser vitimas da história, porque por um longo período, os óculos serviam apenas para curar doenças. É possível a correção de um diagnóstico, ainda quando criança, fazendo aqui até um pequeno parêntese com relação a um dos tipos de câncer brutais que pode-se evitar um uma simples foto, retinoblastoma.

Durante muitos anos, os usuários de óculos sofreram com esterióticos sempre pejorativos, desde a infância a maturidade. Usar óculos já foi símbolo de feiúra, nerd, “quatro olho”.....
Sou usuária de óculos desde os meus 21 anos. Qualifico os diversos signos que vivem olhando os óculos que usei. Sempre guardo meus óculos, pois eles descrevem uma fase da minha vida.

Com o passar dos anos, podemos analisar que novos signos começaram a surgir e com eles vieram qualificações interessantes.

NECESSITADE X VAIDADE

“Quem não tem colírio, usa óculos escuros”
(Raul Seixas)

O charme em usar óculos “escuros”, que teve origem no passado, está se tornando cada vez mais sedimentado na atualidade, com o diferencial de que agora, todos os tipos (escuros ou não) de óculos, conforme sua tribo, fazem parte mais do que nunca, da composição da identidade e da personalidade de um usuário por necessidade ou vontade.

A moda estabelecida pelas roupas é uma das principais influências no design das curvas e retas dos óculos. As cores e linhas da nova estação, determinam em grande parte, a cara de suas coleções. Por anos, a moda foi clean, minimalista, quase estéril. Tudo foi unissex por tanto tempo que agora as pessoas estão orgulhosas de serem “cool” e bonitas com a volta do estilo.

Da mesma forma que a moda, os óculos também passam por um período de uniformização – afinal, num mundo cada vez mais conectado, é inevitável que haja uma contínua troca de influências. Mas mesmo com esse processo, o charme local dos óculos continua preservado. Sempre vai haver espaço para tradições e gostos específicos. As próprias marcas se encarregam de desenvolver linhas especiais para cada tipo de público.

O desafio é conseguir conscientizar o cliente final sobre a importância da escolha das lentes. Por exemplo: o usuário pode se prontificar a pagar mais caro por uma armação de marca, mas não absorve a mesma idéia para comprar suas lentes.


MUDANÇA CULTURAL

É consenso que o consumidor de óculos se tornou mais sofisticado com o passar dos anos, mas ainda é necessária uma mudança de mentalidade.

Atualmente, as pessoas vão ver a imagem com os óculos,e não apenas a produção por trás deles.
Ressalto portanto, o valor que as pessoas dão a uma maquiagem bem-feita e a um cabelo bem arrumado, por exemplo, é a mesma importância conferida aos óculos.

Ao avaliar um produto ou marca, o consumidor se depara com várias informações sobre peso, designer, composição, país de origem entre outras características descritivas do produto que são denominadas: Atributos.

Segundo Keller (1993), atributos são aquelas características que descrevem propriamente um produto ou serviço – o que um consumidor avalia ao comprar um produto.

Como especialista em comportamento do consumidor, penso que os atributos também podem ser aspectos externos de um produto que afetam a intenção de compra. Classificamos estes aspectos externos em quatro tipos: (l) informação de preço, (ll) embalagem ou aparência do produto, (lll) imagens do usuário (que tipo de pessoa usa o produto ou serviço) e (lV) imagens de uso (onde e em que tipo de situação o produto ou serviço é usado).
Os atributos presentes nas embalagens do produto, ou em anúncios, podem ser utilizados por consumidores para avaliar o produto, a marca ou a empresa. Esta avaliação – atitudes relativas ao produto, marca ou empresa – podem afetar a atitude e o comportamento de compra.
A participação e a consciência do cliente são imprescindíveis, por isso é preciso que ele tenha senso de liberdade e escolha. “É uma cadeia de três pessoas: o designer, o óptico e o consumidor”.


Adriana Leocádio é Consultora de Marketing e especialista em comportamento do consumidor.
http://www.adrianaleocadio.blogspot.com/

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